Quando Alien: Earth foi anunciada, o hype era imenso. A ideia de finalmente ver os xenomorfos na Terra e, de quebra, amarrar as pontas soltas da franquia de 1979 parecia o sonho de qualquer fã da saga iniciada por Ridley Scott.
Mas o que começou como uma promessa empolgante terminou como uma viagem frustrante — uma mistura de enrolação, visual impecável e um final que mais confunde do que explica.
O problema é que a série tenta ser muitas coisas ao mesmo tempo: um prelúdio filosófico, uma continuação emocional e um reboot moderno para novos fãs. No fim, não é nenhuma das três. A atmosfera é densa e o suspense funciona nos primeiros episódios, mas logo a narrativa se perde num labirinto de ideias ambiciosas e resoluções preguiçosas. É o tipo de obra que começa com força de supernova e termina em poeira cósmica.
👽 O Começo Promissor Alien: Earth
Os dois primeiros episódios deixam claro que Alien: Earth tinha tudo para ser grandiosa. A história se passa em 2120, quando uma nave espacial — a USCSS Maginot — cai na Terra. Surge Wendy, uma híbrida de humano e androide, interpretada por Sydney Chandler, trazendo à tona discussões sobre identidade, imortalidade e os limites da criação.
A direção de arte é impecável: corredores metálicos, atmosfera sombria e um design de produção que honra o estilo “techno-gótico” dos filmes originais. A trilha sonora e os efeitos de som ajudam a criar o clima de tensão e isolamento que todo fã de Alien espera.
⚙️ Quando a Ficção Engasga
Só que, a partir do quinto episódio, o roteiro começa a patinar. O ritmo desacelera, a trama se dispersa em subplots sem conclusão e o suspense inicial se transforma em pura enrolação.
A sensação é de estar assistindo a uma história que quase chega lá, mas decide dar voltas no próprio rabo.
O maior problema é a promessa não cumprida: Alien: Earth deveria fechar pontas soltas da franquia, mas acaba abrindo novas perguntas — e nenhuma delas é respondida. O espectador fica perdido entre conspirações corporativas, andróides revoltados e um suposto “plano de vingança” que nunca fica claro.
🧬 O Final Polêmico
E aí vem o desfecho. Sem spoilers explícitos, digamos apenas que ele entrega o que talvez seja o xenomorfo mais dócil da história da franquia — quase um bichinho de estimação.
A cena final, com os andróides em uma espécie de sala de revanche existencial, não tem peso dramático nem explicação convincente. É o tipo de final que faz o fã olhar para a tela e perguntar: “Era só isso?”.
Para uma série que nasceu com o propósito de “encerrar ciclos”, o resultado é exatamente o oposto: um punhado de novas pontas soltas e a suspeita de que tudo foi um prelúdio para uma temporada futura — que talvez nem aconteça.
🎞️ O Que Funciona
Apesar das falhas narrativas, há méritos:
-
Visual e atmosfera impecáveis, dignos da franquia.
-
Ótima atuação de Sydney Chandler, que segura bem o papel ambíguo.
-
Um ou outro episódio (como o segundo e o terceiro) que exploram bem o terror psicológico.
Mas, no conjunto, esses acertos não compensam a sensação de “encheção de linguiça cósmica”.
💀 Conclusão: O Prometido e o Entregue
Alien: Earth é uma série visualmente deslumbrante e, em certos momentos, instigante — mas falta substância. É como um ovo de xenomorfo: bonito por fora, perigoso por dentro, mas vazio se você esperava algo mais que promessas.
O maior pecado da série é desperdiçar o próprio potencial. Havia espaço para questionar a condição humana, o papel dos andróides, e até para explorar a biologia dos xenomorfos sob uma nova ótica. Mas tudo isso fica em segundo plano, substituído por um festival de monólogos e tramas desconexas. No fim, o espectador se vê diante de uma promessa não cumprida — e talvez seja essa a verdadeira tragédia de Alien: Earth: fazer o fã acreditar, por um breve instante, que o universo Alien ainda tinha algo novo a dizer.
Em resumo:
Alien: Earth é a arte de prometer o universo e entregar um labirinto sem saída.
Gostou da resenha? Deixe seu comentário no Estante do Wilson e conte:
👉 Você também se sentiu traído pelo final de Alien: Earth?
